
CARTA À LUSITÂNIA
Lusitânia, não faça pouco caso
Do amor,
Isso não é lagoa,
É mar.
Não pense que pode
Flutuar
Sobre as águas sem
Ser navegador.
Teria prendido
A lição
Se não tivesse caminhado
Sozinha.
Quem retorna do meio
Do caminho
Amasia-se com
A solidão.
Lusitânia, sou homem crescido
A meu modo,
Aprendi as defesas da infância
E do medo.
Para ser forte me fiz
Aedo.
Fiz do fragmento da palavra
Meu todo.
Minha sombra, mera sobra
Do meu tutor,
Projeta-se sobre toda
Cidade.
Meu corpo minúsculo esconde-se
Atrás da felicidade
De ser o ícone do meu
Próprio andor.
Houve noite em que não contive
O meu lado lobo
Enjaulado em incomum
Lucidez.
Impulsos iracundos cobriram
Minha nudez
Do silêncio e insolente
Verbo ímprobo.
Agrediram-me os símbolos
E os surtos
De falsos mestres, filosofias
De mercado.
Fui primata no sistema
Civilizado,
Mas resisti até o mundo
Adulto.
Os livros pouco me
Ensinaram.
Só me mostraram outros
Homens perversos
E os suicidas fazedores
De versos.
Foram as viagens, Lusitânia,
E os enjôos
De cidades distantes antes
Ignoradas,
Foram as caras diversas
E metamorfoseadas
Que me ensinaram os segredos
Dos vôos
E voar não voei,
Mas naveguei
Até este porto
De onde partem navios
E aedos.
Lusitânia, não faça pouco caso
Do amor,
Isso não é lagoa,
É mar.
Não pense que pode
Flutuar
Sobre as águas sem
Ser navegador.
Teria prendido
A lição
Se não tivesse caminhado
Sozinha.
Quem retorna do meio
Do caminho
Amasia-se com
A solidão.
Lusitânia, sou homem crescido
A meu modo,
Aprendi as defesas da infância
E do medo.
Para ser forte me fiz
Aedo.
Fiz do fragmento da palavra
Meu todo.
Minha sombra, mera sobra
Do meu tutor,
Projeta-se sobre toda
Cidade.
Meu corpo minúsculo esconde-se
Atrás da felicidade
De ser o ícone do meu
Próprio andor.
Houve noite em que não contive
O meu lado lobo
Enjaulado em incomum
Lucidez.
Impulsos iracundos cobriram
Minha nudez
Do silêncio e insolente
Verbo ímprobo.
Agrediram-me os símbolos
E os surtos
De falsos mestres, filosofias
De mercado.
Fui primata no sistema
Civilizado,
Mas resisti até o mundo
Adulto.
Os livros pouco me
Ensinaram.
Só me mostraram outros
Homens perversos
E os suicidas fazedores
De versos.
Foram as viagens, Lusitânia,
E os enjôos
De cidades distantes antes
Ignoradas,
Foram as caras diversas
E metamorfoseadas
Que me ensinaram os segredos
Dos vôos
E voar não voei,
Mas naveguei
Até este porto
De onde partem navios
E aedos.
(BELLMOND, David. VIDA VIDE VERSO. Editora do autor: Vitória-ES, 1999, Páginas 94 e 95.)
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