

CANTO DESENCANTO
São falsas suas tranças de Rapunzel.
Foste insensível aos contos de fada.
O mar não existe, não existe Ulisses,
Não és Penélope e nem teces nada.
Nem espera há no seu quarto poeirento,
É falso o balouçar do seu cabelo ao vento.
Sua ideologia é falsa e contrária
Ao proletariado burguês e à classe operária.
Que sinal guiará seus sonhos se sonhos não existem
Dentro da conformação universal do seu olho nu?
São falsos seus presságios surrealistas,
Ou não são surrealistas, não são presságios, nem são azuis.
Sua rima é imperfeita, sua repetição é mais imperfeita ainda,
Sua mentira fracassada de celebrar a vida
Limita-se ao seu ego, que é pobre, e aos seus móveis,
Obras de um carpinteiro preguiçoso. Seu choro não comove
Nem ao seu cão carrapatento, último companheiro
A lamber sua face e seu tédio derradeiro.
É falsa a paisagem da sua janela aberta.
O dia ainda subsiste, mas a noite é incerta.
A noite se vier será noite sem misticismo ou lua,
Sem luz dos pescadores perdidos em suas balsas
E ao raiar do dia (mais dia, menos dia)
São falsas suas tranças de Rapunzel.
Foste insensível aos contos de fada.
O mar não existe, não existe Ulisses,
Não és Penélope e nem teces nada.
Nem espera há no seu quarto poeirento,
É falso o balouçar do seu cabelo ao vento.
Sua ideologia é falsa e contrária
Ao proletariado burguês e à classe operária.
Que sinal guiará seus sonhos se sonhos não existem
Dentro da conformação universal do seu olho nu?
São falsos seus presságios surrealistas,
Ou não são surrealistas, não são presságios, nem são azuis.
Sua rima é imperfeita, sua repetição é mais imperfeita ainda,
Sua mentira fracassada de celebrar a vida
Limita-se ao seu ego, que é pobre, e aos seus móveis,
Obras de um carpinteiro preguiçoso. Seu choro não comove
Nem ao seu cão carrapatento, último companheiro
A lamber sua face e seu tédio derradeiro.
É falsa a paisagem da sua janela aberta.
O dia ainda subsiste, mas a noite é incerta.
A noite se vier será noite sem misticismo ou lua,
Sem luz dos pescadores perdidos em suas balsas
E ao raiar do dia (mais dia, menos dia)
Perceberás madura que até a dor foi falsa.
(BELLMOND, David. VIDA VIDE VERSO. Editora do autor: Vitória-ES, 1999, Página 96.)
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