

EGOFOBIA
À minha professora da oitava série, Marisa Badauê
O medo da solidão
Ë maior que o da morte.
Morrerei uma só vez,
Sozinho estarei sempre
Deixando que o meu ego
Relute com imagens
Dialogando com miragens
Que às vezes lhe convém.
Temo adormecer
Assim abandonado
Para que eu não acorde
Conversando comigo.
Preciso de um amigo
Diferente do lobo
Que mora dentro de mim,
O qual não é um lobo mal
Mas é um lobo tal
Que me prende à incógnita
Da vida incognitável.
O medo da solidão
Mata antes de morrer.
É feito guilhotina,
É feito heroína
Que me invade as veias
E antecipa o fim,
Concedendo vida longa
Ao lobo dentro de mim.
Porém matarei o lobo
Que me subverte o coração,
Apunhalando o peito
Esquerdo e o esquartejando.
Assassinarei assim
A minha egofobia,
Ainda que em agonia
Tombe todo o meu ser
E eu morra abandonado
Nas mais só das solidões.
(BELLMOND, David. VIDA VIDE VERSO. Editora do autor: Vitória-ES, 1999, Páginas 61 e 62.)
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