ALICE NO PAÍS DOS QUILOWATTS
Sou rei, mas não sou patrício
No país das desventuras.
Delirar é meu ofício,
Despertar é minha tortura.
O motor é que move o homem,
O motor da máquina, o motor
Da persistência, o motor
Que acelera e justifica
O fim da tarde e o amanhecer.
Dentro da noite engrenagens
Movimentam a máquina etérea
De fazer sonhar o homem
Com um mundo desengrenado.
O poder do meu cinismo
É esforço de muito tempo
Multiplicado às revoltas,
Tombos e descontentamentos.
Enquanto a máquina me move,
Fabrico mil armamentos
E desenvolvo no pleito
O porvir dos meus descendentes.
Se a máquina evolui mil watts,
Eu resisto lentamente.
(BELLMOND, DAVID. VIDA VIDE VERSO. Editora do Autor: Vitória-ES, 1999.)
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