
DESTINO OU DESATINO?
Procuro uma palavra
Dentro da noite, exata,
Pedra angular ou adaga
Que resuma com perfeição
Tudo vivido até então.
Há vozes na noite escura
E não são sequer anúncio
Da palavra que procuro
Para resolver minha crise:
Deus, amor, felicidade ...
Seja lá qual for a verdade.
Procuro no dicionário
Uma palavra singular
Que possa representar
Tudo o que quero dizer.
Busco em meu vocabulário
Uma palavra perfeita,
Sob medida, eleita,
Que me conceda poder
De expressar o que não tenho
Coragem de dizer com o cenho
Carregado de cansaço.
Palavra perdida no espaço.
Procuro uma palavra
Que desvende meu destino
Premeditado ou desatino
De poeta amante só
Das palavras que ao meu redor
Não me aceitam como sou
E lançam-me à busca também.
Se não encontro a palavra,
Ainda a procuro...
Amém.
(BELLMOND, David. VIDA VIDE VERSO. Editora do autor: Vitória-ES, 1999, página 101.)
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