
BALADA LUSITÂNICA
Ingênuo poeta que sou,
Não sei se vou me guardar
Para o dia em que tudo será
Meu quarto de breu e solidão
E consigas assim, Lusitânia,
Abrir meus olhos com teus olhos
E desligar minha escuridão.
Lusitânia esquecida que és,
Não sei se você recorda
De alguma infância perdida
E eu era seu anjo da guarda.
Talvez nem anjo nem nada,
Mas eu rebusco a ficção
Para te encontrar aprisionada
Em minha lusitânica canção.
Que eu exerça meu direito
De admirar teus defeitos
E descansar por instantes
Meu peito em teu peito arfante.
Deixa, Lusitânia, que eu leia
O que o teu olhar não diz,
Pode ser que eu me enganando
Adormeça mais feliz.
Ingênuo poeta que sou,
Não sei se vou me guardar
Para o dia em que tudo será
Meu quarto de breu e solidão
E consigas assim, Lusitânia,
Abrir meus olhos com teus olhos
E desligar minha escuridão.
Lusitânia esquecida que és,
Não sei se você recorda
De alguma infância perdida
E eu era seu anjo da guarda.
Talvez nem anjo nem nada,
Mas eu rebusco a ficção
Para te encontrar aprisionada
Em minha lusitânica canção.
Que eu exerça meu direito
De admirar teus defeitos
E descansar por instantes
Meu peito em teu peito arfante.
Deixa, Lusitânia, que eu leia
O que o teu olhar não diz,
Pode ser que eu me enganando
Adormeça mais feliz.
Minha armadura insegura
Deixa que eu vista outra vez,
Meu cinzel casmurro afiado
Dando forma à timidez.
Mas, cavaleiro vicentino,
Minha timidez não se engana
Com o canto apaixonado
Das tragédias shakesperianas.
--------
Não me peças que eu te escreva,
Não me peças que eu te cante,
Pois eu já sinto teu rastro
Sem que me implores doravante.
Não peças, Lusitânia, no entanto
Para minha voz emudecer;
É ordem do meu desespero:
Te louvar ou enlouquecer.
Mas se enlouqueço te louvo,
Se te louvo, enlouqueço
E mendigo no chão as migalhas
Do teu impagável apreço.
Eu que já estava de partida
À alguma cidade futura,
Eis que surges e retorno
A tatear-te às escuras.
Já não sei se és um nome
Fictício ou se és real,
Mas que maestria insistente
Domina meu canto passional.
Que aperto sinto no peito
Agora que te versejo,
Que ânsia avassaladora
Me é dada pelo teu beijo.
Que beijo é esse que cito,
Se não sei dos seus contornos?
Meu canto é sua anatomia,
Minha poesia é seu adorno.
Agora noto que foges
E teu vulto vai me abalando,
Teu aceno é voto de espera.
Te esperarei até quando?
Lusitânia, que espectral mão
É essa que segura tua mão?
(BELLMOND, David. VIDA VIDE VERSO. Editora do autor: Vitória-ES, 1999, Páginas 88 e 89.)
Não me peças que eu te cante,
Pois eu já sinto teu rastro
Sem que me implores doravante.
Não peças, Lusitânia, no entanto
Para minha voz emudecer;
É ordem do meu desespero:
Te louvar ou enlouquecer.
Mas se enlouqueço te louvo,
Se te louvo, enlouqueço
E mendigo no chão as migalhas
Do teu impagável apreço.
Eu que já estava de partida
À alguma cidade futura,
Eis que surges e retorno
A tatear-te às escuras.
Já não sei se és um nome
Fictício ou se és real,
Mas que maestria insistente
Domina meu canto passional.
Que aperto sinto no peito
Agora que te versejo,
Que ânsia avassaladora
Me é dada pelo teu beijo.
Que beijo é esse que cito,
Se não sei dos seus contornos?
Meu canto é sua anatomia,
Minha poesia é seu adorno.
Agora noto que foges
E teu vulto vai me abalando,
Teu aceno é voto de espera.
Te esperarei até quando?
Lusitânia, que espectral mão
É essa que segura tua mão?
(BELLMOND, David. VIDA VIDE VERSO. Editora do autor: Vitória-ES, 1999, Páginas 88 e 89.)
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