
A FILA
A fila se estica,
Enviesa, se espreme.
Tem forma de esse,
De dáblio, de ene.
Tem corpo colorido:
Vermelho de cólera,
Amarelo de cansaço,
Cinza de demora
Ou branco seria?
A fila tem mãos
Que escrevem poesia,
Que acenam, se coçam,
Que se cruzam, endossam.
A fila tem braços
Sem mãos, sem noção
Da nobre missão
Do dedo polegar,
Autógrafo de analfabeto.
A fila se estica,
Os enfileirados se amassam,
Discutem política
E as horas passam.
Quem anda entediado
Com a rotina tranqüila
Acha tudo engraçado
E quer entrar na fila.
A fila se estica,
Enviesa, se espreme.
Tem forma de esse,
De dáblio, de ene.
Tem corpo colorido:
Vermelho de cólera,
Amarelo de cansaço,
Cinza de demora
Ou branco seria?
A fila tem mãos
Que escrevem poesia,
Que acenam, se coçam,
Que se cruzam, endossam.
A fila tem braços
Sem mãos, sem noção
Da nobre missão
Do dedo polegar,
Autógrafo de analfabeto.
A fila se estica,
Os enfileirados se amassam,
Discutem política
E as horas passam.
Quem anda entediado
Com a rotina tranqüila
Acha tudo engraçado
E quer entrar na fila.
Lá na frente um maroto
Tenta se adiantar,
Mas a fila protesta
E promete se rebelar.
Soam coros indecentes
Ao vagaroso atendente.
A fila tem aroma
De suor, de colônia,
De naftalina.
Finda o expediente
E a fila não termina.
(BELLMOND, David. VIDA VIDE VERSO. Editora do autor: Vitória-ES, 1999, Páginas 40 e 41.)
Tenta se adiantar,
Mas a fila protesta
E promete se rebelar.
Soam coros indecentes
Ao vagaroso atendente.
A fila tem aroma
De suor, de colônia,
De naftalina.
Finda o expediente
E a fila não termina.
(BELLMOND, David. VIDA VIDE VERSO. Editora do autor: Vitória-ES, 1999, Páginas 40 e 41.)