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(DAVID BELLMOND)







sábado, 27 de junho de 2009

O POP STAR NEGRO







MICHAEL JACKSON – O MITO





Não existiu na música pop uma revolução tão constante e visível. Desde que a mídia projetou o fenômeno Michael Jackson, a música pop nunca mais foi a mesma. Nos anos 80, a minha geração ou as gerações anteriores não tinham ainda o hábito da apreciação ao vídeo clipe. Foi com o aparecimento daquele astro orgulhosamente negro que passamos a cultivar, ou mesmo cultuar, o artista, a música, a imagem via FM TV. Havia, no Brasil, até então, apenas um programa de televisão que correspondia ao nosso formato de endeusamento da música jovem. Depois veio a MTV e as similares. Tudo parecia ser uma reprodução das visagens do menino negro que se transformara num astro de primeira grandeza. A mutação já começara a acontecer na substituição daquele cabelo Black Power dos anos 70 para os cabelos encaracolados do jovem afro-americano que encantava meninas e obrigava mancebos do mundo inteiro a imitá-lo: jaqueta preta, calças apertadas, sapatilhas com meias brancas e a dança com movimentos quebrados nos salões de festas.
No meu bairro havia um rapaz que era tão apaixonado pelo mito MJ ao ponto de se vestir, andar e usar cabelo como o dançarino-cantor americano. Não demorou muito para que outras pessoas no bairro fizessem o mesmo. Eu sentia inveja desses adolescentes porque me faltava habilidade para imitar a dança frenética e erótica do momento. O ano era 1982, portanto a Ditadura Militar ainda inspirava pais e primogênitos a uma imposição cultural brasileira. Lá em casa não era diferente. Meu irmão mais velho me proibiu de ouvir as músicas Beat It, Billie Jean e Thriller (hits que mais tocavam nas rádios AM e FM de Oiapoque a Xuri). Meu irmão militar dizia que aquilo era música de doido; que ouviu falar sobre jovens que dançavam com a cabeça apoiada no chão; que e polícia prendera um grupo de rapazes vestidos como Michael Jackson e eram todos bandidos.
Eu era batista tradicional na época e tinha medo de assumir que o mito também me impressionava. Ganhei uma jaqueta preta. Dois amigos meus também tinham jaquetas pretas. Formávamos a turma dos Feras: eu, Paulo, Pedro, Quino. Uma amizade que duraria até os dias atuais se Paulo não tivesse ido para os Estados Unidos, Quino não tivesse virado polícia e Pedro não tivesse se suicidado. A amizade não acabou, mas nos afastamos muito depois que o rock nacional modificou a nossa forma de rebeldia. Certa vez, íamos a um culto na igreja batista e a polícia nos parou por causa das nossas vestes iguais ao do astro pop MJ. Roni também estava conosco e foi o que mais temeu que a polícia nos prendesse por causa daquela imitação barata de cultura norte-americana. Roni foi repreendido por mim e eu o tranqüilizei, dizendo que não tínhamos cometido nenhum crime. O policial mais carrancudo fez questão de me dar uma porrada nas costas e mandar que eu me calasse. A agressividade não foi suficiente para mudar meus costumes.
Hoje sei que Michael Jackson, de alguma forma, contribuiu para que eu elevasse a minha estima de negro que não se aceitava como tal. Ainda não consegui aceitar a perda como se ele fosse uma pessoa bem próxima, quase real, quase parente. Falem bem ou falem mal , todos falam do nosso pop star negro. Resta-me agora ouvir as canções que ficaram e que marcaram a minha adolescência como se ele não morresse nunca.

(David Belllmond / 25 de junho de 2009)


Observação: O desenho é de Kenedy Martins, que mora em Porto de Santana - Cariacica - ES.

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