Pequenos detalhes da linguagem
Você já reparou que nós, capixabas, pronunciamos a palavra “dez” com uma pequena diferença da maneira pronunciada pelos mineiros e pelos cariocas? Você sabia que os cariocas chamam de amendoeira a árvore que nós chamamos de castanheira? Lá no Nordeste, a abóbora se chama jerimum e a mandioca se chama macaxeira. Em Portugal, entrar numa fila é pegar uma bicha.
Isso é variação lingüística. Trocando em miúdos, variação lingüística é a forma como língua é concretizada conforme a região ou a época. Segundo informação colhida na Wikipédia, “A variação de uma língua é a forma pela qual ela difere de outras formas da linguagem sistemática e coerentemente. Uma nação apresenta diversos traços de identificação, e um deles é a língua. Esta pode variar de acordo com alguns fatores, tais como o tempo, o espaço, o nível cultural e a situação em que um indivíduo se manifesta verbalmente”. Prefiro considerar as variações no tempo, que é também denominada variação temporal ou histórica, e as variações no espaço, ou seja, a variação regional ou geográfica. Tratar da variação dita “cultural” ou “social”, corremos o risco de cairmos no erro do preconceito linguístico.
Quando considero que minha fala me torna superior a um outro falante com repertório vocabular ou gramatical menos vasto que o meu, eu incorro na prática de preconceito linguístico. O problema é que independente do tipo de variação, nosso ranço de preconceito tende a considerar um traço linguístico melhor ou pior que o outro. A variação social, todavia, é mais carregada de preconceito línguístico que as demais. É comum, principalmente nas grandes cidades, considerar que o domínio da língua determina a classe social do falante. Se a pessoa “fala bem”, é de poder aquisitivo maior que aquele que não faz “bom uso” das conjugações e colocações pronominais. Seria até interessante abordar esse assunto, entretanto, devido ao curto espaço aqui concedido, nos limitaremos à questão das variações temporal e regional.
Se em São Paulo o “erre” é pronunciado de maneira diferente dos outros estados do Sudeste, ocorre a variação regional. Se há séculos o pronome pessoal você vem se modificando (vossa mercê > vosmecê > você > cê), a ocorrência é de uma variação temporal, assim como aconteceu com muitas outras palavras da língua portuguesa.
Jargão é uma palavra ou expressão comum para alguns grupos profissionais. Por exemplo, para os advogados, peticionar significa o que os leigos conhecem por entrar com a ação ou pedir para o juiz. São "gírias " usadas por grupos de prossionais de um mesmo meio: professores, advogados, veterinários, médicos, etc”. Gíria é o recurso utilizado fazer segredo, humor ou distinguir os falantes de um deerminado grupo. É empregada por jovens e adultos de diferentes classes sociais, e observa-se que seu uso cresce entre os meios de comunicação de massa. Trata-se de um fenômeno sociolingüístico cujo estudo pode ser feito sob duas perspectivas: gíria de grupo e gíria comum.
Conhecer os níveis coloquial e culto da linguagem nos permite compreender e interagir com facilidade em qualquer ambiente que venhamos a frequentar. O nível culto exige conhecimento das regras listadas na gramática normativa, enquanto que o nível coloquial não faz exigências de regras, fala-se como se pode e se põe em prática a gramática internalizada, que é aquela que todo falante conhece.
Está dado o recado. Faça bom uso da língua que você fala.
(David Bellmond / 24 de março de 2009)
Você já reparou que nós, capixabas, pronunciamos a palavra “dez” com uma pequena diferença da maneira pronunciada pelos mineiros e pelos cariocas? Você sabia que os cariocas chamam de amendoeira a árvore que nós chamamos de castanheira? Lá no Nordeste, a abóbora se chama jerimum e a mandioca se chama macaxeira. Em Portugal, entrar numa fila é pegar uma bicha.
Isso é variação lingüística. Trocando em miúdos, variação lingüística é a forma como língua é concretizada conforme a região ou a época. Segundo informação colhida na Wikipédia, “A variação de uma língua é a forma pela qual ela difere de outras formas da linguagem sistemática e coerentemente. Uma nação apresenta diversos traços de identificação, e um deles é a língua. Esta pode variar de acordo com alguns fatores, tais como o tempo, o espaço, o nível cultural e a situação em que um indivíduo se manifesta verbalmente”. Prefiro considerar as variações no tempo, que é também denominada variação temporal ou histórica, e as variações no espaço, ou seja, a variação regional ou geográfica. Tratar da variação dita “cultural” ou “social”, corremos o risco de cairmos no erro do preconceito linguístico.
Quando considero que minha fala me torna superior a um outro falante com repertório vocabular ou gramatical menos vasto que o meu, eu incorro na prática de preconceito linguístico. O problema é que independente do tipo de variação, nosso ranço de preconceito tende a considerar um traço linguístico melhor ou pior que o outro. A variação social, todavia, é mais carregada de preconceito línguístico que as demais. É comum, principalmente nas grandes cidades, considerar que o domínio da língua determina a classe social do falante. Se a pessoa “fala bem”, é de poder aquisitivo maior que aquele que não faz “bom uso” das conjugações e colocações pronominais. Seria até interessante abordar esse assunto, entretanto, devido ao curto espaço aqui concedido, nos limitaremos à questão das variações temporal e regional.
Se em São Paulo o “erre” é pronunciado de maneira diferente dos outros estados do Sudeste, ocorre a variação regional. Se há séculos o pronome pessoal você vem se modificando (vossa mercê > vosmecê > você > cê), a ocorrência é de uma variação temporal, assim como aconteceu com muitas outras palavras da língua portuguesa.
Jargão é uma palavra ou expressão comum para alguns grupos profissionais. Por exemplo, para os advogados, peticionar significa o que os leigos conhecem por entrar com a ação ou pedir para o juiz. São "gírias " usadas por grupos de prossionais de um mesmo meio: professores, advogados, veterinários, médicos, etc”. Gíria é o recurso utilizado fazer segredo, humor ou distinguir os falantes de um deerminado grupo. É empregada por jovens e adultos de diferentes classes sociais, e observa-se que seu uso cresce entre os meios de comunicação de massa. Trata-se de um fenômeno sociolingüístico cujo estudo pode ser feito sob duas perspectivas: gíria de grupo e gíria comum.
Conhecer os níveis coloquial e culto da linguagem nos permite compreender e interagir com facilidade em qualquer ambiente que venhamos a frequentar. O nível culto exige conhecimento das regras listadas na gramática normativa, enquanto que o nível coloquial não faz exigências de regras, fala-se como se pode e se põe em prática a gramática internalizada, que é aquela que todo falante conhece.
Está dado o recado. Faça bom uso da língua que você fala.
(David Bellmond / 24 de março de 2009)
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