Consegui aprovação em três concursos da Era PT,
porém me decepcionei em todos os casos. Em 2007, nem assumi meu cargo devido à
desorganização administrativa na Prefeitura de Cariacica. Em 2009, pedi exoneração da Prefeitura de Vitória,
pois conheci muitos petistas que venderiam a mãe para agradar os chefes. Em 2010, fui aprovado em 4º lugar como
professor no IFES, todavia fiquei decepcionado quando o 1º colocado me disse
que era amigo do Reitor. Em 2014, passei
em 1º lugar como professor temporário na Faculdade de Letras do IFES,
entretanto decidi não assumir devido à minha decepção anterior. Em todos os casos, eram governos do PT. Já deixei de participar de eventos importantes
motivado pela presença de petistas que conviveram comigo nas referidas
experiências negativas. Já recusei
trabalhos bem remunerados porque não sei ser o serviçal resignado e calado
independente do partido que esteja no poder.
Paradoxalmente, nunca concordei com o impeachment
de Dilma e sempre torci para que Lula recuperasse seus direitos políticos. No caso da Dilma, era notória a ilegalidade
com que passavam com o rolo compressor sobre os 54 milhões de votos que a
presidenta teve. Além disso, eu temi o
surgimento de um grupo que destruiria o pouco que conquistei com muita luta e
dedicação aos livros. Sou filho de pais
analfabetos sem nenhuma perspectiva de futuro promissor. E eu seria um espelho exato
dos meus pais se não fossem meu esforço e a oportunidade de estudar numa instituição
federal de ensino.
Quanto ao que Lula viveu em 5 anos, é o retrato
fiel da justiça que se vende e compra que ela deseja e de uma imprensa que não
cumpre seu papel de noticiar os fatos. No Brasil, a imprensa, agora equiparada com
a evolução tecnológica, tem como maior preocupação criar as regras do jogo doa
a quem doer. Meu ranço aos petistas
antipáticos que conheci não é maior que o medo que a injustiça que hoje se
pratica a um ex-presidente da República seja também cometida contra a minha
pessoa. Aliás, sinto que a justiça já fez isso comigo inúmeras vezes. Uma vez que me revolta as vistas grossas de
quem julga feitas contra mim, não posso concordar que o outro – independente daquilo
em que acredita – seja preterido o direito à justiça, à ampla defesa, a um
julgamento imparcial. O pressuposto de
que todo mundo é inocente até que se prove o contrário é o que me orienta neste
cenário que se instala com a anulação dos processos contra o ex-presidente e
julgamento do juiz herói que combinava acusações com a promotoria e com a
mídia.
Portanto, se vai haver bipolarização, como
argumentam muitos que inclusive admiro, eu estarei do lado de cá em que se
acredita que a justiça deve ser cega.
Mesmo que eu tenha que dividir espaço na trincheira com seres que
deveriam estar do lado de lá.
David Bardo / 10 de março de 2021