SEJA BEM-VINDO!

BEM-VINDO AO MUNDO DA ESCRITA!

EIS AQUI O ESPAÇO VIRTUAL ONDE AS PALAVRAS BUSCAM SE LIBERTAR DO LIMBO.



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CAROS AMIGOS,

A CARA DO BLOG MUDOU, ENTRETANTO A AVENTURA DE ESCREVER CONTINUA VIVA.

ESTAMOS AQUI À ESPERA DE QUE VOCÊS NOS LEIAM E, SE POSSÍVEL, DEIXEM UM COMENTÁRIO.

ABRAÇO FRATERNO.

(HOMERO DE LINHARES)


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AVISO AOS INTERNAUTAS,

A PARTIR DE HOJE, ESTOU AQUI COM HOMERO DE LINHARES, REVEZANDO NA ARTE DA PALAVRA.

GRANDE ABRAÇO.


(DAVID BELLMOND)







segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Paulo Leminski - Biografia

Paulo Leminski Filho nasceu no dia 24 de agosto de 1944 em Curitiba, Paraná. Filho de Paulo Leminski e Áurea Pereira Mendes Leminski. Porta voz da poesia concreta paulista, foi redator de publicidade, Músico e letrista. Teve canções gravadas por Caetano, A Cor do Som. Foi tradutor de Alfred Jarry, James Joyce, John Fante, John Lennon, Samuel Becktett e Yukio Mishima. Suicidou-se em 07 de junho de 1989.
É um dos meus poetas preferidos.
(Homero Linhares)

LEMINSKI 1 - PAULO LEMINSKI POR ELE MESMO

o pauloleminski
é um cachorro louco
que deve ser morto
a pau a pedra
a fogo a pique
senão é bem capaz
o filhodaputa
de fazer chover
em nosso piquenique

(Paulo Leminski)

LEMINSKI 2 - AMOR ACABA?


Amor, então,
também acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.


(Paulo Leminski)

LEMINSKI 3 - EU CONFESSO: SOU POETA


parem
eu confesso
sou poeta
cada manhã que nasce
me nasce
uma rosa na face
parem eu confesso
sou poeta
só meu amor é meu deus
eu sou o seu profeta


(Paulo Leminski)

domingo, 25 de janeiro de 2009

LEMINSKI 4 - UM DIA A GENTE IA SER HOMERO


um dia
a gente ia ser homero
a obra nada menos que uma ilíada
depois
a barra pesando
dava pra ser aí um rimbaud
um ungaretti um fernando pessoa qualquer
um lorca um eluárd um ginsberg
por fim
acabamos
o pequeno poeta de província
que sempre fomos
por trás de tantas máscaras
que o tempo tratou como a flores


(Paulo Leminski)

P.S.: O meu preferido.

Drummond - Lira romantiquinha


Lira Romantiquinha


Por que me trancas
o rosto e o sorriso
e assim me arrancas
do paraíso?


Por que não queres
deixando o alarme
( ai, Deus: mulheres)
acarinhar-me?


Por que cultivas
as sem-perfume
e agressivas
flores do ciúme?


Acaso ignoras
que te amo tanto,
todas as horas,
já nem sei quanto?


Visto que em suma
é todo teu,
de mais nenhuma
o peito meu?


Anjo sem fénas
minhas juras
porque é que é
que me angusturas?


Minha alma chove
frio e tristinho
não te comove
este versinho?


(Carlos Drummond de Andrade)

Fernando Pessoa - O poeta é um fingidor


AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

(Fernando Pessoa in Cancioneiro)

sábado, 24 de janeiro de 2009

ALGEMAS?

ALGEMADO

Eu não queria me precipitar
Em te dizer o que és para mim
Pra que não venhas a me rejeitar
E esse “Eu e você” tenha um fim.

Fui algemado pelo teu amor.
Queria dele só me libertar.
Sendo calado, sofro tanta dor
E, se eu falo, vou te machucar.

Tua ausência é minha algema
Que me arrasta à tua corrrente.
Quando estás longe o meu peito queima,
Pois não te vendo fico até doente.

Sei que qualquer coisa sentes por mim,
Mas não sei se é o mesmo que sinto,
Pois me algemastes neste labirinto
Em que tanto ando e não vejo o fim.

Se não me amas, peço-te um favor
Que talvez possas não o recusar:
Venha depressa me desalgemar,
Leve-me ao sul ou aonde quer que for.

(GIACOMO, Juan. As minhas faces secretas. Vitória, Editora do autor: 2007.)

Poema obscuro 1


O morcego


Meia noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vêde:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.


"Vou mandar levantar outra parede...
"— Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o tecto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!


Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh'alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!


A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!


(Augusto dos Anjos)

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

David Belllmond: Apresentação



QUEM É DAVID BELLMOND?


Bellmond é o psedônimo de David Batista. Ele foi meu professor no curso superior de Administração numa faculdade de Cariacica-ES. O que sei da sua história colhi nos nossos tantos diálogos nos intervalos entre as aulas. Aliás, um grande talento de David Bellmond é contar histórias entre uma aula e outra. Nós, alunos, meros ouvintes da sua arte de narrar, às vezes nos perguntamos se são ficções ou reais suas narrativas mirabolantes. Eu, que intecionava ser administrador de empresas, mudei minha vertente quando o conheci e devido à forma como ele falava apaixonadamente de sua arte das palavras, que também passou a ser minha. Após concluir o curso de Administração, passei a dedicar-me à leitura de grandes autores e à escrita de meus próprios textos. Sobre a sua biografia sei que David Bellmond, já na infância, apaixonou-se pela música e pela sonoridade das palavras. Descobriu a paixão pela Literatura ainda na quarta série do primário e, no ano seguinte, arriscou-se a escrever os primeiros versos e contos. A partir daí, buscou aumentar os seus conhecimentos sobre os mecanismos da Língua Portuguesa e das línguas estrangeiras. No ensino médio, na antiga Escola Técnica Federal do Espírito Santo, sem pretensão, ele estava sempre além das aulas expositivas do seu professor de Língua Portuguesa e Literatura. Na escolha do curso superior, viu-se entre a Engenharia (influenciado pela ETFES), o Direto (já que era apaixonado pelas causas sociais) e Letras-Português. Este falou mais alto que aqueles, pois, ao mesmo tempo em que poderia “ensinar” os segredos da língua de Camões, estaria sempre em contato com os livros, a poesia e grandes autores como Drummond, Guimarães Rosa, Machado de Assis e outros tantos.
Iniciou a carreira no Magistério lecionando Matemática para alunos que tinham dificuldade em aprender a disciplina nas aulas normais; depois deu aulas de Matemática e Química para uma empresária proprietária de uma clínica de estética. Ainda lecionou Química e Física para alunos da oitava série de uma escola pública e, diga-se de passagem, muito se orgulha que alguns desses alunos sejam professores depois de haverem ingressado na UFES. Leciona Língua Portuguesa, Literatura, Redação e Italiano desde 1997. Bellmond é apaixonado pela minha profissão e tem por objetivo despertar no aluno o gosto pela sua disciplina. Lançou um livro de poesia em 1999, de onde extraí seus poemas eróticos; gosta de violão, de boa música, de bons filmes e, cada vez mais, de bons livros. Terminou o Mestrado em Estudos Literários, na UFES, em 2005 e pretende, em seguida partir para o Doutorado em Literatura, Educação ou em semiótica.
P.S.: David Bellmond possui um blog de onde retirei sua caricatura e seus poemas eróticos. Eis o endereço do dito cujo:
(Homero Linhares)

POEMAS ERÓTICOS 1


SENHORA, MINHA SENHORA


Senhora, minha senhora,
De corpo distante
Longe de mim

Que me conduz ao exercício
De um erotismo
Quase sem fim,

Seu corpo vasto,
Meu beijo casto
Percorre as curvas
Que nunca verei.


Sua formosura,
Minha excitação,
A forma dos seus seios
Preenchendo minhas mãos
Enquanto domino toda a volúpia

Do seu corpo lindo
E a sua culpa
De não ser eu aquele que toca
Sua libido e faz
Seu corpo explodir em gozo.


Mas me sacio
Em imaginar
Seu desvario.


(BELLMOND, David. Vida Vide Verso. Vitória: Editora do autor, 1999.)

POEMAS ERÓTICOS 2


PSEUDO-EROS


Amar o meu corpo
Antes de amar o seu
E dar de mim a mim
Antes de me entregar.

Descobrir meus limites,
Querer me aprisionar
Na minha própria posse,
Antevendo a paixão.

Sentir a rigidez
Da minha tênue mão
Na maciez do corpo
Do meu fantasma amante.

E assim me dando muito
Ao meu erótico anseio,
Descubra após o coito
Que não me dei bastante.

(BELLMOND, David. Vida Vide Verso. Vitória: Editora do autor, 1999.)

POEMAS ERÓTICOS 3


OLHAR DE ADEUS


Seus olhos estão para os meus
Assim como a estrada
Está para o adeus.


Seus olhos em segredo
Me procuram insistentes
Mas parecem ter medo.


Seus olhos de espera
Vivem me convidando
A inventar primaveras.


Seus olhos longe dos meus
Parecem ensaiar
Um movimento de adeus.


Seus olhos de quem chora
Estão sempre chegando
Como quem vai embora.


Meus olhos de quem sorri
Estão sempre pedindo
Pra não te ver partir.


Meus olhos estão para os seus
Assim como os homens
Estão para Deus.


(BELLMOND, David. Vida Vide Verso. Vitória: Editora do autor, 1999.)

POEMAS ERÓTICOS 4


SINCRONIA


Calo-me para te ouvir,

Falo para que me ouças
E me traduzas.
Imito o seu passo
No meu compasso.
Encaixo o meu braço
No seu abraço,
Sua sombra
Na minha imagem,
Visagem
No meu sentido.
Marchemos juntos
Na mesma ordem unida.
CáliceNa minha tentação.
Corpo dominando corpo,
Mão alternando mão.



(BELLMOND, David. Vida Vide Verso. Vitória: Editora do autor, 1999.)


A pintura é de uma dona de pousada em Paraty-RJ.