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ABRAÇO FRATERNO.

(HOMERO DE LINHARES)


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GRANDE ABRAÇO.


(DAVID BELLMOND)







quinta-feira, 28 de abril de 2011

OUTRA VEZ A CHUVA






OUTRA VEZ A CHUVA

A chuva impiedosa
Aumentou as minhas mágoas
E amarelou as águas
Da baía de Vitória.

Quem disse que a chuva é imparcial?
Quem é que fica alagado?
Quem fica desabrigado?
O rico ou o marginal?

A chuva vem com certeza
Balançando meu telhado
Vem com vento e trovoada
Aumentar minha pobreza.


Meus livros todos torcidos,
Os meus discos estragados,
Minha varanda alagada
E eu em casa encarcerado.


A chuva vem outra vez
Destruir em poucas horas
(a chuva ri, minha alma chora)
O que eu ganhei em um mês.



(Homero de Linhares / 02 de novembro de 2009)

UM MUNDO PERFEITO









UM MUNDO PERFEITO

Nas estradas de pó e de luz
Por onde seguem os nossos irmãos
Negros, todos negros perdidos,
De todos os cantos do Sudão,
Há uma trilha que vai dar no Nirvana,
Outra que vai para Jerusalém.

Na multidão escrava da fome,
Que encanto exerce o alfabeto?
Que matemática dominará
Àqueles negros desnudos, sem teto?
Só uma ciência lhes povoa a cabeça,
A de sonhar com um mundo perfeito.

(David Bellmond / in Vida Vide Verso)

segunda-feira, 25 de abril de 2011

PARA COMPREENDER SAUSURRE E CASTELAR









Análise sobre o livro “Para compreender Saussure”, de Castelar de Carvalho.



O livro Para Compreender Saussure, de Castelar de Carvalho, intenta ser uma elucidação do texto que mais incomoda os estudantes de Letras de língua portuguesa: o “Cours de Linguistique Générale”, que é uma compilação dos três cursos de Lingüística Geral ministrado por Ferdinand Saussure no período de 1906 a 1911 na Universidade de Genebra. O professor Castelar de Carvalho busca transformar o CLG (Curso de Lingüística Geral) numa leitura simples e didática, já que o mesmo tem sido ao longo dos últimos tempos a leitura mais difícil e intrínseca dos nossos estudantes de língua portuguesa.
Antes de Saussure, a Lingüística passa por três fases comentadas pelo professor Castelar de forma bem resumida: a primeira fase voltada mais para a Filosofia, a Segunda voltada para a Filologia e terceira que subdivide-se em outras duas. A terceira fase é composta de uma fase naturalista, onde a preocupação é coma história interna da língua, e de outra fase chamada culturalista que preocupa-se com os fatores externos, condicionadores da língua.
Ferdinand de Saussure, depois de manter contato com a Lingüística Comparatista, influenciou os mais importantes comparatistas franceses e daí nasceu o CLG. Segundo Saussure, o estudo lingüístico deve assumir a seguinte forma racional: a linguagem dividida em langue e parole; a langue, por sua vez, subdivide-se em sincronia e diacronia; a sincronia subdivide-se em relações paradigmáticas e relações sintagmáticas.
O professor Castelar de Carvalho discute os tantos pares de distinções que fundamentam a doutrina de Saussure e apresenta, ao final da exposição das dicotomias, uma análise crítica das mesmas.
Na langue e parole, que segundo Castelar é a dicotomia básica e uma das mais fecundas, a crítica parte do romeno Eugênio Coseriu ao propor que a linguagem seja tripartida e o sistema proposto vai do mais concreto (parole) ao mais abstrato (langue) , seguindo caminho contrário ao de Saussure.
Para Saussure deve ser dada prioridade ao estudo da sincronia, discordando dos neogramáticos que favoreciam a pesquisa histórica (diacronia). Para abordar o sistema lingüístico, deve-se analisar e avaliar suas relações internas, por isso a preferência de Saussure pela sicronia. A sincronia por sua vez dá origem à outra dicotomia: as relações sintagmáticas e relações paradigmáticas.
Nas relações sintagmáticas, um termo passa a Ter valor em virtude do contraste com outro que o prece ou que o sucede, ou a ambos, sem que se exclua esse ou aquele. Nas relações paradigmáticas, uma unidade exclui a outra, substituindo-a.
Da natureza do signo, Saussure afirma que o signo é a união do sentido e da imagem acústica. Os dois elementos que formam o signo (significante e significado) são interdependentes e inseparáveis. Na crítica à Teoria do Signo, Castelar acentua a argumentação dos lingüistas Ogden e Richards de que o signo constitui-se de uma relação triádica - símbolo, pensamento (referência) e coisa (referente).
Quanto à arbitrariedade e linearidade do signo lingüístico, o autor de Para compreender Saussure advoga pelo CLG, apresentando o argumento dos seus críticos e contra-argumentando em favor do mestre genebrino (“Ora, somos levados a crer que os críticos do mestre de Genebra demonstram não terem apreendido o pensamento saussuriano em toa a sua profundidade e coerência”, p. 65).
No capítulo em que trata da noção de valor, o professor Castelar propõe a “ampliação do entendimento” sobre a afirmação de Saussure de que língua é forma e não substância. Para isso disserta sobre a dupla articulação da linguagem, valor e forma e os pares opositivos na língua. Sobre esse último item, Castelar opõe as vogais orais às nasais, as vogais abertas às fechadas, consoantes x à consoantes y, etc. Por fim conclui que “o valor resulta sempre de uma comparação e de operações funcionais entre os termos do sistema lingüístico.
Aceita-se que Para compreender Saussure tem por objetivo fazer uma releitura do CLG, o que Castelar de Carvalho já afirmara na abertura do seu trabalho. Ao mesmo tempo em que cumpre seu objetivo, o autor faz avaliações sobre a lingüística saussuriana numa linguagem, simples e mais acessível que aquela do próprio “Cours de Linguistique Générale”. É preciso levar-se em conta que o próprio Saussure escreveu apenas um livro (“Memoire sur le Primitif Système des Voyelles das les Langues Indo-Européenes”), o que nos faz crer que alguma coisa do que o mestre ensinou deve ter se perdido, mas o que foi aproveitado e interpretado por seus alunos - Charles Bally, Albert Sechehaye e Albert Ridlinger- passa a Ter uma linguagem mais clara graças ao professor Castelar de Carvalho.






(David Batista / Mestre em Estudos Literários)